A rentabilidade das empresas brasileiras de capital aberto em 2011 foi a mais baixa em uma década. Alcançou 13%, ante 9,6% em 2002. O melhor resultado nesses 10 anos foi obtido em 2004, com 20,2%. Os números fazem parte de um levantamento elaborado pela empresa de informações financeiras Economatica, obtido com exclusividade pelo ‘Estado’. A rentabilidade é dada pela divisão do lucro líquido pelo patrimônio líquido.
"Acendeu o sinal amarelo para as empresas nacionais", afirmou o presidente da Economática, Fernando Exel. Os pesquisadores utilizaram, para o levantamento, os balanços das 153 companhias que haviam apresentado o documento até quarta-feira. A expectativa é de que outras 100 divulguem seus resultados até 31 de março, prazo final definido pelas autoridades reguladoras do mercado de capitais.
Exel disse que duas questões explicam o desempenho do ano passado. A primeira é a valorização do dólar ante o real (12%), que elevou o custo financeiro de várias companhias que têm dívida em moeda estrangeira.
"O lado bom é que isso deve ser transitório, pois não há expectativas de grande desvalorização do real daqui para a frente", observou. Durante boa parte de 2011, o mercado financeiro global ficou tenso por causa da crise europeia, o que se traduziu na fuga de investidores de países emergentes para aplicações em nações desenvolvidas - e consequente desvalorização de moedas como o real brasileiro.
O segundo fator, para ele, é mais preocupante e está relacionado com o custo Brasil. Exel nota que, entre 2003 e 2010, as empresas nacionais de todos os setores se beneficiaram - direta ou indiretamente - do boom dos preços das commodities. É uma realidade que se manteve no ano passado, quando as commodities permaneceram em alta.
O problema é que, em razão do crescimento econômico do País nos últimos anos, as companhias passaram a atuar, como disse Exel, próximas do limite. No dia a dia, isso significou aumento de custos em várias áreas. A infraestrutura precária, por exemplo, encarece o frete e a conta de energia elétrica. A mão de obra mais escassa aumenta o desembolso com a folha salarial. "Nesse cenário de aquecimento, os gargalos custam cada vez mais", comentou Exel.
O especialista também chama a atenção para um terceiro risco, que, ao menos no ano passado, não implicou perda de rentabilidade pelas empresas: a desaceleração global. "Dependendo da evolução da crise, as receitas poderão ser afetadas", afirmou. "No ano passado, apesar da redução da rentabilidade, as receitas cresceram 5,6%."
Apesar do pior resultado em 10 anos, Exel lembra que os 13% de rentabilidade são satisfatórios se comparados ao resto do mundo. "É um número superior ao das empresas de capital aberto dos Estados Unidos", disse.
Fonte: Estadão
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