Bem vindo!

"...É muito melhor arriscar coisas grandiosas, alcançar triunfos e glórias, mesmo expondo-se a Fracassos e Derrotas, do que formar fila com os pobres de espírito que nem gozam muito nem sofrem muito, pois vivem em uma penumbra cinzenta tão grande que não conhece vitória nem derrota...."

(..Theodore Roosevelt..)

Que Deus nos abençoe!

“A maior habilidade de um líder é desenvolver habilidades extraordinárias em pessoas comuns.”

(Abraham Lincoln)

terça-feira, 26 de março de 2013

A redução da participação da indústria na economia.

A redução da participação da indústria na economia é irreversível. Entender as mazelas no setor de serviços é fundamental para o país

A importância da indústria na economia nunca mais será como antes. Adotar políticas para tentar recuperá-la é lutar contra as forças da "natureza" e contra o inevitável. A maior preocupação deve ser com a produtividade do setor de serviços.

A participação da indústria no PIB no Brasil cresceu de 36% na década de 60 para 45% nos anos 80, quando atingiu o seu ápice. De lá para cá, a sua importância declinou e fechou 2011 com 28%. No mesmo período, o peso da agricultura caiu de 16% para 5% e a estrela em ascensão é o setor de serviços (de 45% para 67%).

Esse processo de transformação estrutural e secular está em sintonia com o verificado na América Latina e no mundo. Ele tende a ocorrer mais tardiamente em países em desenvolvimento, mas com uma velocidade mais rápida.

No caso brasileiro, o ritmo da queda da indústria foi significativo. Do auge dos 80 até o final da década passada, somente 20 países tiveram uma redução no share (participação) da indústria superior a dez pontos percentuais (comparando a média das décadas), sendo o Brasil (-17%) o oitavo da lista. A Bulgária (-30%) lidera. Reino Unido (-14%), África do Sul (-12%) e Austrália (-11%) também estão presentes. O fato é que o Brasil hoje tem um share próximo aos 26% de alguns países ricos.

É pouco provável que ocorra um retrocesso, porque, à medida que a população fica mais rica, ela passa a demandar relativamente mais serviços, em vez de realizá-los por conta própria. E como na indústria o crescimento da produtividade é superior ao dos serviços, é necessária uma fração cada vez menor de trabalhadores empregados no primeiro setor. Os que ficam ociosos são direcionados para o segundo.

De fato, desde a década de 70, somente 21 países registraram um aumento superior a três pontos percentuais da participação da indústria no PIB em uma década -após uma queda na anterior.

Dessa lista, fazem parte nações bem diferentes do Brasil: oito países que, como a Arábia Saudita, têm participação significativa do petróleo na economia e são, por isso, vulneráveis aos preços no mercado internacional; seis países pobres da África, como Serra Leoa, envolvido em conflito interno; e sete países com população igual ou inferior a 1,5 milhões de habitantes, como Suriname. As exceções são México e Peru, cujas indústrias historicamente têm participação de cerca de 30% e registraram aumentos em torno de quatro pontos percentuais na primeira década deste século.

Não seria surpresa, portanto, se o share da indústria brasileira continuasse em torno do atual patamar ou caísse nas próximas décadas na direção do patamar de países desenvolvidos como Grã-Bretanha (24%), Estados Unidos (22%) e França (21%).

Esse processo vem com um custo e um perigo. O custo é decorrente do fato de a produtividade agregada de um país ser o resultado da média ponderada dos três setores da economia. Como a produtividade da indústria é maior do que a de serviços, além de crescer mais rapidamente, a mudança da força de trabalho para o setor de serviços tende a reduzir a produtividade total da economia e, por conseguinte, o seu potencial de crescimento.

Já o perigo consiste em tentativas de frear o processo de transformação setorial, para evitar o potencial custo, e defender a indústria por meio de políticas públicas: proteção tarifária, isenções fiscais, desonerações trabalhistas e juros subsidiados, dentre outras. O tiro tende a sair pela culatra, pois a produtividade agregada termina sendo menor do que poderia ser, dada a dificuldade em saber exatamente quais empresas incentivar. Ademais, lutar contra as forças da "natureza" é inócuo.

O foco deveria estar em soluções para aumentar a produtividade dos serviços. O fato desse setor não ser aberto à competição internacional e ser intensivo em mão de obra, que é pouco qualificada no Brasil, pode explicar parte do atraso. Já que a indústria é passado, então, entender melhor a natureza das mazelas nos serviços é fundamental para o país.

Fonte: Folha de S. Paulo

Nenhum comentário:

Postar um comentário